sábado, 26 de março de 2011

A trajetória de Virginia Woolf. A morte da escritora completa 70 anos, mas sua influência permanece.

Biografia

Estreou na literatura em 1915 com um romance (The Voyage Out) e posteriormente teria realizado uma série de obras notáveis, as quais lhe valeriam o título de "a Proust inglesa". Faleceu em 1941, tendo cometido suicídio.
Virginia Woolf era filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.
Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia Woolf apresentava crises depressivas. Em 1941, deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais amara na vida, e comete suicídio.
Virginia Woolf foi integrante do grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionaria contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana. Deste grupo participaram, dentre outros, os escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton Strachey e John Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.
A obra de Virginia é classificada como modernista. O fluxo de consciência foi uma de suas marcas mais conhecidas e da qual é considerada uma das criadoras.
Suas reflexões sobre a arte literária - da liberdade de criação ao prazer da leitura - baseadas em obras-primas de Conrad, Defoe, Dostoievski, Jane Austen, Joyce, Montaigne, Tolstoi, Tchekov, Sterne, entre outros clássicos, foram reunidos em dois volumes publicados pela Hogarth Press em 1925 e 1932 sob o título de The Common Reader - O Leitor Comum, homenagem explícita da autora àquele que, livre de qualquer tipo de obrigação, lê para seu próprio desfrute pessoal. Uma seleta destes ensaios, reveladores da busca de Virginia Woolf por uma estética não só do texto mas de sua percepção, foi reunida em língua portuguesa em 2007 pela Graphia Editorial, com tradução de Luciana Viegas. Virginia Woolf editou outro livro também:"A Viúva eo papagaio" o qual não teve muito sucesso.

Obra

Sua primeira obra foi A viagem, publicada em 1915.
O romance Mrs. Dalloway ficou conhecido pelo filme As Horas, baseado na obra homônima de Michael Cunningham, filme no qual Virginia foi interpretada por Nicole Kidman, premiada com um Oscar por seu retrato da escritora britânica. As Horas conta várias histórias, mescla a vida da própria autora numa personagem e coloca algumas particularidades de Mrs. Dalloway numa dessas histórias. Em Mrs. Dalloway, Virginia descreve um único dia da personagem, quando ela prepara uma festa.
Sua obra mais conhecida é Orlando, publicada em 1928. É uma fantasia histórica sobre a era elisabetana.
Após terminar As Ondas, uma de suas obras mais importantes, Virginia Woolf estava exausta. Ela seguiu então para a sua casa de campo levando o livro das cartas entre os poetas Elizabeth Barrett e Robert Browning. Na leitura, percebeu a presença permanente de um cachorro, Flush; resolve então, por diversão, escrever a visão desse cachorro do mundo à sua volta. Essa obra foi muito elogiada por fazer um relato minucioso sobre a época dos poetas. Ironicamente foi a obra que mais deu retorno financeiro à escritora e a mais traduzida em outros idiomas.
Sua última obra foi Entre os atos, publicada em 1941, posterior à sua morte.


Suicídio

No dia 28 de Março de 1941, após ter um colapso nervoso Virginia suicidou-se. Ela vestiu um casaco, encheu seus bolsos com pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Seu corpo só foi encontrado no dia 18 de abril.[1]
Em seu último bilhete para o marido, Leonardo Woolf, Virginia escreveu:

Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade. Você foi bom para mim, como ninguém poderia ter sido. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V.

[editar]Livros

A viagem (The Voyage Out) (1915)
Noite e dia (Night and Day) (1919)
O quarto de Jacó (Jacob's Room) (1922)
Mrs. Dalloway (1925)
O Leitor Comum (The Common Reader) (1925 - Primeiro volume)
Rumo ao farol (To the Lighthouse) (1927)
Orlando - Uma biografia (Orlando: A Biography) (1928)
Um Teto Todo Seu (A Room of One's Own) (1929)
As ondas (The Waves) (1931)
O Leitor Comum (The Common Reader) (1932 - Segundo volume)
Flush (Flush: A Biography) (1933)
Os anos (The Years) (1937)
Roger Fry (1940)
Entre os atos (Between the Acts) (1941)
Contos Completos (1917-1941)

Referências: UOL Biografias: Virginia Woolf

6 comentários:

  1. Para Virginia, as escritoras devem ter seu próprio teto

    O leitor brasileiro tem muita sorte: os principais livros de Virginia Woolf forma publicados no Brasil em traduções esmeradas. A Nova Fronteira já publicou vários livros, todos bem cuidados. Orlando foi traduzido pela poeta Cecília Meireles; Mrs. Dalloway, por Mario Quintana; O Quarto de Jacob, Entre Atos e As Ondas, por Lya Luft; Noite e Dia, por Raul de Sá Barbosa; Passeio ao Farol, por Luiza Lobo; e Um Teto Todo Seu, por Vera Ribeiro. A mesma editora publicou Os Anos e Uma Casa Assombrada. A editora Companhia das Letras publicou Os Diários. É uma seleção dos registros pessoais da escritora.

    A melhor biografia de Virginia foi escrita por Quentin Bell. Outra biografia, complementar e mais sintética, é Virginia Woolf (Jorge Zahar Editor, coleção Vidas Literárias, tradução de Isabel do Prado), de John Lehmann. O autor trabalhou na Hogarth Press com Virginia e Leonard Woolf. Contém excelentes fotografias.

    Aspectos do Romance (Editora Globo, 1974), de E. M. Forster, traz ricas informações sobre Virginia e outros escritores. O livro foi relançado no Brasil recentemente, com nova tradução. Trata-se de livro de um escritor importante escrevendo sobre o ofício literário.

    O Mundo Moderno — Dez Grandes Escritores (Companhia das Letras, tradução de Paulo Henriques Britto), de Malcolm Bradbury, tem um capítulo, muito bom, sobre Virginia.

    Língua ferina


    John Lehmann, como Quentin Bell, tem a mania de revelar quem é quem nos livros de Virginia Woolf. O Percival de As Ondas, por exemplo, teria sido inspirado em Thoby, um dos irmãos de Virginia. O leitor que não se importa com biografia pode achar isso uma chatice. E, afinal, ele nem sabe quem foi Thoby. Mas é interessante saber que o pai de Virginia tinha relações de amizade com Henry James e Oliver Wendell Holmes e que ela mesma recebia em sua casa o escritor e político Winston Churchill.

    Lehmann, reverberando Quentin Bell, conta que Virginia gostava de conversas animadas e amistosas, repletas de piadas, e tinha uma curiosidade intensa a respeito da vida das pessoas com quem se encontrava. Ainda assim durante toda sua vida teve língua ferina — e pena ferina, também, o que muitas vezes apareceria em suas cartas e em seu diário.

    Quentin Bell, um biografo de idéias arejadas, fala pouco do chamado fluxo de consciência, mas Lehmann deita e rola sobre o assunto.

    Escreve Lehmann: Enquanto o impressionismo de O Quarto de Jacob reduzira suas personagens a visões repentinas, impressões de sobras, em Mrs. Dalloway, usando o 'fluxo de consciência', ela [Virginia] as constrói com pessoas reais, com uma habilidade espantosa. Cada uma das principais personagens é vista interiormente através de seus pensamentos individuais, assim como se refere nos pensamentos das outras; pensamentos, lembranças, juízos que se estendem por sobre o passado e até o presente, de modo que no fim tem-se a impressão de conhecê-las intimamente, em toda a significação de suas vidas, tanto quanto nas suas aparências exteriores e suas excentricidades de comportamento.

    Passeio ao Farol é visto por Lehmann como o mais visionário e formalmente perfeito dos romances-poemas de Virginia. Seria uma nova espécie de poema sobre o sentido e o mistério da vida e das relações humanas, que explora os movimentos secretos da mente e o papel e o poder do artista criador. No lugar de fluxo de consciência, Lehmann prefere a expressão impressionismo interior.

    Mostrar mais: http://www.revistabula.com/posts/ensaios/virginia-woolf-tentou-curar-sua-loucura-pelo-suicidio

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  2. Vida total

    As Ondas, a obra-prima de Virginia, no entender de muitos críticos, era, na opinião da própria escritora, uma tentativa completamente nova de se fazer literatura. Pode-se dizer, argumenta Lehmann, que seu objetivo era dar um quadro da vida total, desde o amanhecer da primeira sensação à ultima; um quadro de seus sonhos, ambições, aspirações, realizações e fracassos, até as decepções finais, acompanhadas, talvez, pela aceitação ou alegra descoberta da sabedoria. O que ela nos oferece, como jamais o fizera antes, é a vida da alma, eliminando tudo que pudesse obstar ou obscurecer essa visão. A estrutura do livro é inteiramente formal, e a narrativa totalmente interiorizada.

    Malcolm Bradburv nota que o método de Virginia Woolf, a narrativa da consciência, deve alguma coisa a James Joyce, mas não é idêntico. Na obra da romancista inglesa, os ritmos da consciência são essencialmente os da visão de criação estática da autora. Há um outro aspecto: a forte consciência de um mundo alterado pela própria modernidade. Bradbury cita E. M. Forster, que era amigo de Virginia, para tentar entender a obra dela.

    Disse Forster: Ela está sempre debaixo de sua árvore encantada, esticando o braço e recolhendo pedacinhos de fluxo da vida cotidiana que passam por ela, e é com esses pedacinhos que constrói seus romances. Para Forster, os livros de Virginia nunca terminaram, sempre começavam com poesia e chegavam ao lirismo de modo demasiadamente imediato.

    Leonard Woolf, mais conhecido como marido de Virginia Woolf (até o sobrenome Woolf, de Leonard, ficou conhecido por causa de Virginia), era um escritor talentoso e socialista mas não revolucionário. Desconfiava das ortodoxias. Virginia acompanhou Leonard em algumas reuniões e achava a política tediosa, mas deixou alguns escritos feministas importantes. Prefiro dizer que os textos de Virginia são para além do feminismo. São humanos, isto é, não pensam só nas mulheres.

    Dinheiro e ficção

    Um Teto Todo Seu é um ensaio ressentido mas luminoso. Virginia Woolf defende a seguinte tese nesse livro: A mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu se pretende mesmo escrever ficção (página 8). Para Virginia, ter dinheiro era mais importante que votar. Ela mostra que a produção literária das mulheres sempre foi menor porque elas recebiam uma educação de segunda categoria, não tinham um teto (um quarto) todo seu. Mesmo no século 19, há o caso de escritoras que se escondiam atrás de nomes de homens (Currer Bell, George Eliot e George Sand).

    Mas o que acho mais interessante no livrinho (149 páginas) é que Virginia admite que o ressentimento prejudicou boas obras, como Jane Eyre, de Charlotte Brontë (que usava o pseudônimo masculino de Currer Bell). Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, teria escapado do ressentimento. Não deixa de ser curioso que Virginia aconselhasse as escritoras a colocarem o ressentimento de lado, embora ela própria fosse profundamente ressentida com os homens.

    O bom escritor, na opinião de Virginia, deve sacar que há dois sexos na mente. Ela diz que a mente andrógina é ressoante e porosa. O livro Feminismo e Arte — Um Estudo Sobre Virginia Woolf (Interlivros, 1975, tradução de Fernando Cabral), de Herbert Mander, aprofunda e explica as idéias feministas ou pós-feministas de Virginia Woolf. Mas o importante mesmo é ler a fúria de Virginia. O leitor pode discordar das idéias, mas os argumentos da escritora são sempre instigantes.

    Mostrar mais: http://www.revistabula.com/posts/ensaios/virginia-woolf-tentou-curar-sua-loucura-pelo-suicidio

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  3. Eu achei muito bom e interessante,por que eu pode aprender muitas coisas sobre esses dois escritores, em especial, Ferreira Gullar, que é maranhense... aprendi muito sobre sua biografia e sobre seus romances.Maicom Nunes Moreira

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  4. oi eu sou Iasmin eu tou fazendo um comentario sobre a viajem para terezina eu gostei muito por que eu conhecie os animais que eu numca tinha visto pessoalmente é eu vui ao cinema brinquei muito e me deverdei bastante eu assistei o filme ele era muito bom é eu brinquei muito no meio da viajem

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  5. comentários de Joab e lucas.

    na viagem os parseios foram muitos legais,nós virmos muitos animais como por exemplo,onsa,cobra e vários outros animais e a tarde nós fomos ao cinema com vários amigos e amigas de outras classe e assisti ao filme "Paranormais" e voltamos para nossa casa com nada grave,e assim fui a viagem para Teresina.

    24 de maio de 2011 10:18

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  6. Oi profa. parabens pela sua pagina, é de gente assim como voce que a Educação precisa. Bom carater, bem feitora, e amiga.
    Abraços.
    Acesse tambem meu blog: http://proffranciscochagas.blogspot.com/

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